quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ORIGEM DA FAMÍLIA CARACAS

“É conveniente e proveitoso falar e escrever sobre as nossas estirpes, sejam elas carregadas de ouropéis ou desfalcadas de grandes ações. O que vale é a afinidade das afeições que herdamos de nossos avoengos. São as memórias que conservamos dos seus viveres ou pelo bom ou mau provimento de qualidade ou defeitos que deles recebemos. As virtudes, as tradições, a firmeza de ânimo, a lealdade, a constância, são bens que excitam a vontade de imitação”.
Vinícius Barros Leal



Os primeiros homens brancos vindos de Portugal em busca da prosperidade prometida com a descoberta do Novo Mundo, quando aqui chegaram, penetraram no interior do Brasil, tomaram posse da terra e requereram, do poder central, as tão desejadas sesmarias. Estas, na maioria das vezes, tornavam-se verdadeiros latifúndios, onde eles faziam correr os seus potentes rebanhos de gados e onde erigiam as suas casas fortes às margens de rios e riachos, tão necessários para a sobrevivência de suas famílias e de seus criatórios.
O Ceará foi palco dessa imigração ocorrida com a descoberta do Brasil. Chefes de famílias saiam de sua terra natal e se aventuravam em busca de uma melhor condição de vida para si e para os seus descendentes. Muitos aqui chegaram vindos diretamente de Portugal, mas os grandes fluxos de imigrantes eram, em sua maioria, oriundos das províncias de Pernambuco e Bahia, que devido à plantação da cana de açúcar, foram proibidos de criar o seu gado no litoral. Em 1701, o Rei Português, D. Pedro II, lança uma Carta Régia determinando que a criação de gado, na colônia, deveria ser feita após 10 léguas do litoral. Estes homens, impelidos pela nova lei, subiram os rios e devassaram as terras altas do sertão, chegando aos mais inóspitos lugares.
A Família Caracas, na pessoa de seu ancestral comum, não fugiu a essa regra. Ela radica-se nos Freire , da região Baturiteense, nos Correia Vieira e nos Monte ou Montes , do baixo Jaguaribe, onde foram detentoras de grandes fazendas e de grandes criatórios de gados.
Por muitos anos correu no seio da família, principalmente no ramo familiar do Tauá, antigo São João do Príncipe, a informação que o sobrenome Caracas era de proveniência habitacional. Este termo se refere aos sobrenomes que tem a sua origem ligada ao lugar de residência do progenitor da família, seja ela vila, cidade ou lugar identificado por uma característica topográfica. No caso da família Caracas, que ela teria sua origem na capital da Venezuela, onde membros da mesma, morando ali, passaram a usar o cognome. Esta informação mostrou-se inconsistente através do estudo sistematizado da ascendência e descendência, realizado por Marcelo Caracas Linhares , em seu livro “Guaramiranga e os Caracas”, e por Mário Linhares, em “Os Caracas - Notas Genealógicas”. Nenhum dos dois genealogistas fez qualquer menção no sentido de corroborar com este pensamento. Não existe qualquer registro de passagem da família pelo vizinho país sul-americano.
A verdade é que, apesar da linhagem genealógica da família retroceder ao século XVII, ainda no tempo de Dom Pedro II, “o Pacífico”, Rei Portugal, da dinastia Bragança, pelos anos de 1686, o uso do sobrenome Caracas somente aparece no Brasil no século XIX, na pessoa do Capitão José Pacífico da Costa Freire. Este acrescenta ao seu nome o epíteto Caracas, passando a assinar, José Pacífico da Costa Caracas (Capitão Caracas), e torna-se, assim, o fundador da família ou seu Marco Patronímico Original (MPO). No período após a proclamação da independência era comum aos brasileiros, devido ao sentimento nativista, associarem ao seu nome epítetos que não fossem portugueses. Demonstravam com esta atitude, além do rompimento das amarras impostas por Portugal, seu amor à terra brasileira e à causa da Independência. Conclui-se, assim, que a gênese da família é patronímica e não habitacional; que o sobrenome Caracas tem a sua origem após o seu uso pelo Capitão Caracas.
O lugar em que a família, pela primeira vez, usou o patronímico Caracas, foi na antiga Vila Real de Monte-mor o Novo d’América, hoje Baturité, que foi elevada a categoria de vila, com todo o aparato cerimonial e oficial, em 14 de abril de 1764. Dali se espalhou por todo o Ceará, principalmente para outras cidades do maciço baturiteense, Fortaleza e para Tauá - antiga São João do Príncipe -, na Região dos Inhamuns.
Baturité, assim como todo o Ceará, foi celeiro de grandes homens devotados ao ensejo de soberania brasileira. O Capitão Caracas e os seus descendentes diretos, muito fizeram pelo engrandecimento de sua terra e de sua gente. Suas historias não foram escritas com atos que envergonhassem os pósteros - muito pelo contrário - foram dignos e corretos. Ingressaram na política, onde se sobressaíram como vereadores, prefeitos, deputados, - como exemplo o seu bisneto, Deputado Federal Marcelo Caracas Linhares, o Governador Virgilio Távora, seu bisneto e filho de Carlota Augusta Caracas de Morais Fernandes Távora, bem como chegando ao posto maior do Brasil - o de Presidente da República, na pessoa de José Linhares quando da deposição de Getúlio Vargas. José Linhares era um Caracas e neto do velho patriarca.
O Capitão Caracas foi um dos mais conceituados cidadãos da província do Ceará. Era um homem sério, com alto senso de honestidade, fazendeiro e grande produtor de café na Serra de Baturité, onde, também, financiava outros produtores do mesmo grão. Segundo a tradição oral dos Caracas daquele Termo, ele adquiriu, em Sobral, algumas mudas daquela rubiácea, para ali trazida da França por Xerez da Furna Uchôa, e fez a distribuição da mesma com os seus clientes. Desta ação, assim como também da ação de outros, adveio um grande surto de prosperidade econômica ali. O café de Baturité foi considerado um dos melhores do mundo, e o município chegou a ter dois consulados de outros países para a comercialização do mesmo.
Igreja de Baturité onde foram batizados os patriarcas da família Caracas
Do casamento de seus pais, João Alves da Costa e Maria Madalena de São José, nasceram, além dele, mais oito irmãos:
• Benta,
• Joana,
• Maria,
• João Alves da Costa Caracas, foi o outro irmão que também acrescentou o epíteto Caracas ao seu nome. Era como os demais, baturiteense. Transferiu-se para os Inhamuns, onde se casou com Dona Ana Theodora de Oliveira Caracas (Santaninha – a primeira), da família Carcará , e constituiu numerosa prole de homens e mulheres, que muito dignificaram a então São João do Príncipe , hoje município de Tauá. A tradição oral diz que ele chegou, na antiga povoação de Marrecas, ainda usando roupas de luto, o que, possivelmente, pode indicar que era viúvo, e que, portanto, poderia ter deixado descendência em Baturité. A sua esposa, Dona Santaninha Caracas, era filha dos ricos fazendeiros, Vicente Ferreira dos Santos e Maria Márcia de Oliveira. Residia na fazenda Traíra , que ficava às margens do Riacho da Roça, afluente do Rio Puiú, ao poente do distrito de Marrecas.
Os Caracas deste termo caracterizam-se por uma índole pacífica, amiga e hospitaleira, constituindo-se, desde os tempos passados, em um verdadeiro celeiro de homens e mulheres que figuravam nos livros dos homens bons e nobres que existiam nas Câmaras das Vilas Imperiais do Brasil e do Reino de Portugal. Podiam, por isso, serem eleitos e a ocuparem cargos, tanto lá como cá. Muito embora fossem pacíficos, Marcelo Caracas Linhares, falou, também, do sangue quente dos Caracas, onde um membro ferido, no seu direito ou no direito de um dos seus familiares, não leva o desaforo para casa.
• Maria, outra de mesmo nome.
• Francisca Cândida de são José, nascida em 09 de setembro de 1823.
• Josefa,
• Raimunda Jardilina.

6 comentários:

  1. Por muitos anos correu no seio da família, principalmente no ramo familiar do Tauá, antigo São João do Príncipe, a informação que o sobrenome Caracas era de proveniência habitacional. Este termo se refere aos sobrenomes que tem a sua origem ligada ao lugar de residência do progenitor da família, seja ela vila, cidade ou lugar identificado por uma característica topográfica. No caso da família Caracas, que ela teria sua origem na capital da Venezuela, onde membros da mesma, morando ali, passaram a usar o cognome. Esta informação mostrou-se inconsistente através do estudo sistematizado da ascendência e descendência, realizado por Marcelo Caracas Linhares , em seu livro “Guaramiranga e os Caracas”, e por Mário Linhares, em “Os Caracas - Notas Genealógicas”. Nenhum dos dois genealogistas fez qualquer menção no sentido de corroborar com este pensamento. Não existe qualquer registro de passagem da família pelo vizinho país sul-americano.

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  2. Tinha uma prima caracas, em Fortaleza,infelizmente, ela faleceu.
    O nome dela era:Carla Caracas Acácio,quando solteira.
    Após o casamento era:Carla Caracas Farias.

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  3. Procuro informações sobre Sandra Caracas. Alguem sabe algo?

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    1. Que interessante, já ouvi falar sobre este nome.. estou em busca de um rapaz chamado Thiago Noronha Caracas.. Não obtive sucesso até agora..

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