quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ORIGEM DA FAMÍLIA CARACAS

“É conveniente e proveitoso falar e escrever sobre as nossas estirpes, sejam elas carregadas de ouropéis ou desfalcadas de grandes ações. O que vale é a afinidade das afeições que herdamos de nossos avoengos. São as memórias que conservamos dos seus viveres ou pelo bom ou mau provimento de qualidade ou defeitos que deles recebemos. As virtudes, as tradições, a firmeza de ânimo, a lealdade, a constância, são bens que excitam a vontade de imitação”.
Vinícius Barros Leal



Os primeiros homens brancos vindos de Portugal em busca da prosperidade prometida com a descoberta do Novo Mundo, quando aqui chegaram, penetraram no interior do Brasil, tomaram posse da terra e requereram, do poder central, as tão desejadas sesmarias. Estas, na maioria das vezes, tornavam-se verdadeiros latifúndios, onde eles faziam correr os seus potentes rebanhos de gados e onde erigiam as suas casas fortes às margens de rios e riachos, tão necessários para a sobrevivência de suas famílias e de seus criatórios.
O Ceará foi palco dessa imigração ocorrida com a descoberta do Brasil. Chefes de famílias saiam de sua terra natal e se aventuravam em busca de uma melhor condição de vida para si e para os seus descendentes. Muitos aqui chegaram vindos diretamente de Portugal, mas os grandes fluxos de imigrantes eram, em sua maioria, oriundos das províncias de Pernambuco e Bahia, que devido à plantação da cana de açúcar, foram proibidos de criar o seu gado no litoral. Em 1701, o Rei Português, D. Pedro II, lança uma Carta Régia determinando que a criação de gado, na colônia, deveria ser feita após 10 léguas do litoral. Estes homens, impelidos pela nova lei, subiram os rios e devassaram as terras altas do sertão, chegando aos mais inóspitos lugares.
A Família Caracas, na pessoa de seu ancestral comum, não fugiu a essa regra. Ela radica-se nos Freire , da região Baturiteense, nos Correia Vieira e nos Monte ou Montes , do baixo Jaguaribe, onde foram detentoras de grandes fazendas e de grandes criatórios de gados.
Por muitos anos correu no seio da família, principalmente no ramo familiar do Tauá, antigo São João do Príncipe, a informação que o sobrenome Caracas era de proveniência habitacional. Este termo se refere aos sobrenomes que tem a sua origem ligada ao lugar de residência do progenitor da família, seja ela vila, cidade ou lugar identificado por uma característica topográfica. No caso da família Caracas, que ela teria sua origem na capital da Venezuela, onde membros da mesma, morando ali, passaram a usar o cognome. Esta informação mostrou-se inconsistente através do estudo sistematizado da ascendência e descendência, realizado por Marcelo Caracas Linhares , em seu livro “Guaramiranga e os Caracas”, e por Mário Linhares, em “Os Caracas - Notas Genealógicas”. Nenhum dos dois genealogistas fez qualquer menção no sentido de corroborar com este pensamento. Não existe qualquer registro de passagem da família pelo vizinho país sul-americano.
A verdade é que, apesar da linhagem genealógica da família retroceder ao século XVII, ainda no tempo de Dom Pedro II, “o Pacífico”, Rei Portugal, da dinastia Bragança, pelos anos de 1686, o uso do sobrenome Caracas somente aparece no Brasil no século XIX, na pessoa do Capitão José Pacífico da Costa Freire. Este acrescenta ao seu nome o epíteto Caracas, passando a assinar, José Pacífico da Costa Caracas (Capitão Caracas), e torna-se, assim, o fundador da família ou seu Marco Patronímico Original (MPO). No período após a proclamação da independência era comum aos brasileiros, devido ao sentimento nativista, associarem ao seu nome epítetos que não fossem portugueses. Demonstravam com esta atitude, além do rompimento das amarras impostas por Portugal, seu amor à terra brasileira e à causa da Independência. Conclui-se, assim, que a gênese da família é patronímica e não habitacional; que o sobrenome Caracas tem a sua origem após o seu uso pelo Capitão Caracas.
O lugar em que a família, pela primeira vez, usou o patronímico Caracas, foi na antiga Vila Real de Monte-mor o Novo d’América, hoje Baturité, que foi elevada a categoria de vila, com todo o aparato cerimonial e oficial, em 14 de abril de 1764. Dali se espalhou por todo o Ceará, principalmente para outras cidades do maciço baturiteense, Fortaleza e para Tauá - antiga São João do Príncipe -, na Região dos Inhamuns.
Baturité, assim como todo o Ceará, foi celeiro de grandes homens devotados ao ensejo de soberania brasileira. O Capitão Caracas e os seus descendentes diretos, muito fizeram pelo engrandecimento de sua terra e de sua gente. Suas historias não foram escritas com atos que envergonhassem os pósteros - muito pelo contrário - foram dignos e corretos. Ingressaram na política, onde se sobressaíram como vereadores, prefeitos, deputados, - como exemplo o seu bisneto, Deputado Federal Marcelo Caracas Linhares, o Governador Virgilio Távora, seu bisneto e filho de Carlota Augusta Caracas de Morais Fernandes Távora, bem como chegando ao posto maior do Brasil - o de Presidente da República, na pessoa de José Linhares quando da deposição de Getúlio Vargas. José Linhares era um Caracas e neto do velho patriarca.
O Capitão Caracas foi um dos mais conceituados cidadãos da província do Ceará. Era um homem sério, com alto senso de honestidade, fazendeiro e grande produtor de café na Serra de Baturité, onde, também, financiava outros produtores do mesmo grão. Segundo a tradição oral dos Caracas daquele Termo, ele adquiriu, em Sobral, algumas mudas daquela rubiácea, para ali trazida da França por Xerez da Furna Uchôa, e fez a distribuição da mesma com os seus clientes. Desta ação, assim como também da ação de outros, adveio um grande surto de prosperidade econômica ali. O café de Baturité foi considerado um dos melhores do mundo, e o município chegou a ter dois consulados de outros países para a comercialização do mesmo.
Igreja de Baturité onde foram batizados os patriarcas da família Caracas
Do casamento de seus pais, João Alves da Costa e Maria Madalena de São José, nasceram, além dele, mais oito irmãos:
• Benta,
• Joana,
• Maria,
• João Alves da Costa Caracas, foi o outro irmão que também acrescentou o epíteto Caracas ao seu nome. Era como os demais, baturiteense. Transferiu-se para os Inhamuns, onde se casou com Dona Ana Theodora de Oliveira Caracas (Santaninha – a primeira), da família Carcará , e constituiu numerosa prole de homens e mulheres, que muito dignificaram a então São João do Príncipe , hoje município de Tauá. A tradição oral diz que ele chegou, na antiga povoação de Marrecas, ainda usando roupas de luto, o que, possivelmente, pode indicar que era viúvo, e que, portanto, poderia ter deixado descendência em Baturité. A sua esposa, Dona Santaninha Caracas, era filha dos ricos fazendeiros, Vicente Ferreira dos Santos e Maria Márcia de Oliveira. Residia na fazenda Traíra , que ficava às margens do Riacho da Roça, afluente do Rio Puiú, ao poente do distrito de Marrecas.
Os Caracas deste termo caracterizam-se por uma índole pacífica, amiga e hospitaleira, constituindo-se, desde os tempos passados, em um verdadeiro celeiro de homens e mulheres que figuravam nos livros dos homens bons e nobres que existiam nas Câmaras das Vilas Imperiais do Brasil e do Reino de Portugal. Podiam, por isso, serem eleitos e a ocuparem cargos, tanto lá como cá. Muito embora fossem pacíficos, Marcelo Caracas Linhares, falou, também, do sangue quente dos Caracas, onde um membro ferido, no seu direito ou no direito de um dos seus familiares, não leva o desaforo para casa.
• Maria, outra de mesmo nome.
• Francisca Cândida de são José, nascida em 09 de setembro de 1823.
• Josefa,
• Raimunda Jardilina.

O genearca da Família Caracas

O ancestral comum do Capitão José Pacífico da Costa Caracas e do seu irmão, o Alferes João Alves da Costa Caracas, residiu na pessoa do genearca da família, o Coronel Pascoal Correia Vieira, homem branco, que chegou ao Ceará como um dos capitães do regimento do pernambucano coronel João de Barros Braga, quando em perseguição aos índios Tapuias fugitivos do Rio Grande. Essa expedição foi ordenada em 1727, e foi responsável pela expulsão desses índios do Ceará para o Piauí. Na expedição anterior, isto é, na de 1715, ordenada pelo Governador-Geral de Pernambuco, é mandado perseguir por todos os meios o Gentio bravio do Ceará. A mesma vinha com expressa recomendação de “extingui-lo, cativá-lo, ou afugentá-lo, a fim de prevenir os danos que causam aos colonos". De uma feita o Coronel Pascoal Correia Vieira, na bacia do Banabuiú, matou grande número de inimigos e aprisionou cento e vinte e cinco cabeças (era assim como se referiam aos índios). Esta medida, hoje tida como cruel e desumana, na época era essencial para a colonização do Brasil. Através dela, o homem, vindo da Europa, podia erigir sua casa, levantar seu curral e cultivar a terra. O historiador Raimundo Girão, em “Pequena História do Ceará” referindo-se ao Coronel Pascoal Correia Vieira, diz:

“Foi seu lugar-tenente, nesse afanoso mister das lutas contra o desconhecido e o perigoso, o Coronel Pascoal Correia Vieira, português que se casou com Ponciana de Sousa Barbalho, da família Montes e Silva, de grande influência aqueles idos e célebres, na crônica cearense, pela disputa sangrenta em que se empenhou com os Feitosa, no primeiro quartel do século 18. De Pascoal Vieira descendem, entre outras, as famílias Correia Vieira, de Quixeramobim, os Vieira, de Mombaça, os Castelo Branco, de Quixeramobim e de Baturité”, e os Caracas de Baturité e Tauá. (ampliação em itálico feita pelo o autor).

O referido coronel nasceu em Portugal, no ano de 1686, no lugar Idelfonso perto da cidade de Braga, no Concelho da histórica Póvoa do Lanhoso, proveniente da família Vieira, originária de Vieira do Minho. Estava, portanto, ligado às matrizes heráldicas e as velhas casas nobres de Portugal.
Era, no seu tempo, uma das pessoas mais importantes da província do Ceará. Sua influência cobria as terras hoje pertencentes aos municípios de Quixeramobim, Morada Nova, Quixadá e Baturité.
Com apenas 35 anos, já possuía grandes porções de terras adquiridas através de sesmaria, num total de 09 léguas de suas datas. Seu pai era o Português, Coronel Nicolau Correia Vieira, e a sua mãe, também lusitana, chamava-se Dona Custódia Rabelo Vieira.
Era casado com Dona Ponciana de Sousa Barbalho Monte, nascida em 1691, em Pé do Banco, Sergipe, e falecida a 10 de fevereiro de 1771. Era sesmeira e da importante família Monte. A mesma que em 1724 e 1725, esteve em conflito armado com a família Feitosa, por causa de terras. Este conflito deu-se com o tio de Ponciana, o Coronel Francisco de Montes e Silva - fundador do Icó. Segundo o historiador, Antonio Bezerra, em ‘Algumas Origens do Ceará’, ele, já em 1707, residia na sua fazenda Pilar, herdada de seu pai, João de Montes Bucarro, oficial brioso e valente, que veio do Rio São Francisco para o Rio Grande e depois para o Ceará. A mãe de Ponciana chamava-se Dona Vitória Leonor de Montes e Silva, nascida em Penedo, Alagoas, era irmã do Coronel Francisco de Monte e Silva, e o pai chamava-se Gaspar de Sousa Barbalho. Este era alferes da Guarda Nacional, sesmeiro no Riacho de Figueiredo, Ceará e nascido no Rio de São Francisco. Morou em São João do Jaguaribe e no Icó. Faleceu em 01 de agosto de 1711. Dona Vitória Leonor de Montes e Silva, por sua vez, era filha do Coronel João de Montes Bucarro, nascido em Penedo, Alagoas. Este era filho de Jorge de Montes Bucarro e de Paula Martins.
O Coronel Pascoal Correia Vieira e Ponciana de Sousa Barbalho Monte, eram pais de:
Eram pais de:
 Emerenciana Correia Vieira, nascida em Russas, no ano de 1715 e batizada em 15 de fevereiro de 1715 na igreja de São João do Jaguaribe. Era casada com o Tenente-Coronel Matias Pereira Castelo Branco, nascido em 1710 no Concelho e Distrito de Viseu, Portugal. Deste casal descendem os Castelo Branco, que no século XVIII já se encontravam em Baturité e adjacência.
Eram pais de:
 Dona Gertrudes Pereira de Vasconcelos, casada em 08 de setembro de 1772, na freguesia de Russas, com o Capitão José Gomes Barreto. Este filho do oficial português, Comandante do regimento da freguesia do Quixeramobim e Vargens do Jaguaribe, Coronel Manoel Gomes Barreto, nascido no Concelho de Cantanhede, distrito de Coimbra, Portugal, em 1703 e falecido em 05 de dezembro de 1773, e de Maria Pessoa da Silva, nascida em Quixeramobim. Sendo ela filha do Capitão-mor Manuel Pessoa da Silva e de Francisca de Sousa Montes. Ambos portugueses.
Eram pais de:
 Dona Teresa Paes da Silva, pernambucana, nascida no Cabo de Santo Agostinho. Casada com o português, natural de Lisboa, Manoel Álvares da Costa.
Eram pais de:
 Manoel Álvares da Costa Júnior, nascido no Riacho do Sangue, Jaguaretama. Casado com Dona Teresa Maria de Jesus, nascida em Quixeramobim, em 28 de maio de 1790.
Eram pais de:
 João Alves da Costa, de Quixeramobim, que se casou com Maria Madalena de São José, e tiveram uma prole de 09 filhos. A origem da família Caracas, no entanto, deveu-se, somente, por parte da sua linhagem masculina. Eram eles:
José Pacífico da Costa Caracas - Capitão da Guarda Nacional. Patriarca dos Caracas de Baturité.
João Alves da Costa Caracas - Alferes da Guarda Nacional. Patriarca dos Caracas dos Inhamuns.
Os Correia Vieira, descendentes de Pascoal Correia Vieira, os Montes e Barbalhos de Ponciana de Sousa Barbalho Monte, ligam-se aos descendentes do Sargento-mor Caetano Freire do Prado, nascido na freguesia da Paraíba, que, conforme Vinícius Barros Leal, em ’Histórias de Baturité’, já se achava em Cascavel e adjacências na segunda metade do séc. XVIII. Esta afirmação pode ser comprovada pela sesmaria a ele concedida, em 10 de janeiro 1792, pelo Capitão-mor do Ceará, Luis da Motta Féo e Torres, das sobras das terras do Batuque, Riacho do Figueiredo. Casou-se com Isabel Álvares Martins, em 20 de fevereiro de 1730, na freguesia de Aquiráz. Esta faleceu em 26 de novembro de 1757. Eram pais de:
 João Freire do Prado, que morava em Russas.
 Caetana,
 Damásia,
 Isabel,
 Agostinha,
 José Martins,
 Manuel.
A mãe de José Pacífico da Costa Caracas (Capitão Caracas) e de João Alves da Costa Caracas (Alferes João Caracas), Maria Madalena de São José era filha do Tenente José Álvares da Costa, natural de Aracati, e de D. Maria Madalena do Coração de Jesus, natural da Serra dos Martins, Rio Grande do Norte.
O Tenente José Álvares da Costa era tio do pai dos patriarcas da família Caracas.

A FAMÍLIA CARACAS DE BATURITÉ

A Família Caracas de Baturité, antiga Vila Real de Monte-mor o Novo d’América, descendem do Capitão José Pacífico da Costa Caracas (Capitão Caracas), o fundador da família, nascido em 05 de junho de 1819, falecido em 08 de setembro de 1877, no seu Sítio Cafundó – depois Fazenda Venezuela – em Guaramiranga, Ceará. Era sua esposa, Ana Felícia de Lima Caracas, nascida em 20 de outubro de 1830, filha de José Felício Santiago de Oliveira e de Maria Freire do Prado.
O Capitão José Pacífico da Costa Caracas (Capitão Caracas), alcançou a patente de capitão da Guarda Nacional de Baturité, em 23 de abril de 1845, sendo reformado em 04 de maio de 1861, por patente expedida pelo Presidente da Província do Ceará, Conselheiro Sinval Odorico de Moura. Em 10 de março de 1848, recebe a nomeação para 1º. Suplente de Delegado daquele Termo, como, também, em 21 de março de 1872. Em 30 de março de 1854, foi nomeado 1º substituto de Juiz Municipal. Em 1862, era membro da Comissão Sanitária de Baturité na epidemia de cólera, quando prestou relevantes serviços, sendo, por isso, citado no Relatório da Presidência da Província do Ceará ao Governo Central. Em 16 de agosto de 1871, foi nomeado, por portaria, Inspetor Literário de Pendência (Pacoti).
De seu casamento nasceram sete filhos, que são os troncos da Família Caracas do município de Baturité, mais precisamente, depois do desmembramento, de Guaramiranga, Ceará.
São eles:
1. Maria Felícia Caracas, nascida em 11 de outubro de 1852 e falecida em 09 de julho de 1904. Casou-se com Luis Severiano Ribeiro.
Tiveram os seguintes filhos:
 Maria Ermelinda,
 Aurélia Ribeiro,
 Ester Ribeiro,
 Alice Ribeiro,
 Maria Luisa,
 Luis Severiano Ribeiro.
2. Cândida Felícia Caracas, nascida em 11 de agosto de 1855 e falecida em 05 de maio de 1949. Casou-se com Doutor Virgílio Augusto de Morais.
Tiveram as seguintes filhas:
 Alice Caracas de Morais,
 Carlota Augusta Caracas de Morais. Era a mãe de Virgílio Távora.
3. Doutor José Pacífico Caracas, Médico. Nasceu em 04 de agosto de 1856. Casou-se com Maria Cândida do Nascimento Caracas.
Tiveram os seguintes filhos:
 José Caracas - Médico
 Evangelina de Caracas Linhares. Casou-se na tradicional família Linhares.
 Dr. Raul Caracas - Engenheiro.
 Edith de Caracas Linhares.
4. Josefa Felícia Caracas, nascida em 23 de abril de 1862 e falecida em 30 de dezembro de 1930. Casou-se com o Coronel Francisco Alves Linhares.
Tiveram os seguintes filhos:
 Dr. Augusto Linhares – Médico
 Francisco Alves Linhares Filho – Farmacêutico. Deputado em varias legislaturas.
 Maria Augusta Linhares.
 Máximo Linhares – Engenheiro.
 Dulce Linhares,
 José Linhares, Ministro do Supremo Tribunal Federal e Presidente da República na deposição de Getúlio Vargas.
 Beatriz Linhares,
 Vicente Alves Linhares, foi vereador da Câmara Municipal de Fortaleza, Prefeito de Fortaleza e Deputado Federal.

5. Doutor Francisco Pacífico Caracas . Agrônomo. Nasceu em 30 de fevereiro de 1863, e faleceu em 26 de abril de 1934. Casou-se com Rita Flávia de Teive e Argolo Caracas.
Tiveram os seguintes filhos:
 Juvenilha de Argolo Caracas,
 Alexandrino de Argolo Caracas,
 Maria Odete de Argolo Caracas,
 Evandro de Argolo Caracas,
 Letícia de Argolo Caracas,
 Maria Lúcia de Argolo Caracas de Magalhães Bastos,
 José de Argolo Caracas,
 Rodrigo de Argolo Caracas.
6. Doutor Luis Pacífico Caracas, fazendeiro e farmacêutico. Nascido em 20 de março de 1867 e falecido em 16 de junho de 1954. Casou-se com Rosali Miranda Fortuna Caracas.
Tiveram os seguintes filhos:
 Ana Caracas. Falecida ainda criança.
 Maria de Lourdes Caracas,
 Maria Amélia Caracas,
 Roberto Augusto Caracas,
 Ana Caracas,
 Romélia Caracas,
 Luis Augusto Caracas, bacharel em Ciência Jurídicas e Sociais.
7. Leopoldina Caracas, nascida em 27 de março de 1869 e falecida em 04 de julho de 1941. Casou-se com Francisco Dias da Rocha.
Tiveram os seguintes filhos:
 José Euclydes Caracas, Engenheiro Civil.
 Joaquim Hélio Caracas, Advogado.
 Lauro Aloísio Caracas,
 Francisco Nelson Caracas,
Destes descendem uma valorosa linhagem de homens e mulheres que dignificam e honram a todos os Caracas do Brasil.

A FAMÍLIA CARACAS NOS INHAMUNS

Os Caracas de São João do Príncipe, hoje Tauá, nos sertões dos Inhamuns, descendem do patriarca João Alves da Costa Caracas (Alferes João Caracas), homem branco, que aqui chegou, vindo de Baturité, em princípios do século XIX. Era graduado da Guarda Nacional , no posto de alferes da 1ª. Companhia do 16°. Batalhão de Infantaria e da 6ª. Companhia de 1861. Em 1870, recebeu a patente, por serviços prestados, de Alferes Secretário do Estado Maior do 13° Batalhão da Guarda Nacional de São João do Príncipe, expedida pelo Presidente da Província do Ceará, Conselheiro Sinval Odorico de Moura.
No “Registro de Patentes da Guarda Nacional”, que é parte do acer- vo do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), encontra-se a confirmação de João Alves da Costa Caracas, no posto de alferes da Guarda Nacional do São João do Príncipe. Diz textualmente:
“Patente de João Alves da Costa Caracas para Alferes Secretário do Batalhão nº 13 da Guarda Nacional do Inhamum”.
Em 30 de novembro de 1861, por portaria de 20 de julho ultimo, deu-se patente a João Alves da Costa Caracas, para Alferes Secretário do Batalhão nº. 13 da Guarda Nacional do Inhamum.
= João Alves de Carvalho a fez.
= Sinval Odorico de Moura = Manoel Antonio Duarte de Azevedo = nº 18 = pg de sello 200 = Ceará, 30 de (ilegível) 1862. = Gustavo = Macaiba”.
No mesmo departamento público, encontra-se a relação de oficiais da Guarda Nacional de São João do Príncipe, de 1869. Ela era assim constituída:
“Batalhão nº. 13 da Guarda Nacional do município de São João do Príncipe”.
Relação de Oficiais do Batalhão nº. 13
Estado Maior
Tenente-coronel José André dos Santos - Boa conduta.
Tenente-coronel Manoel Ferreira Barreto- data de nomeação 21/ 08/ 1856 - data de posse 19/ 01/ 1857.
Coronel Manoel Cândido de Oliveira – falecido este ano.
Alferes Porta-Bandeira Francisco Gonçalves Aleixo Graxão - data de nomeação 22/ 12/1856 - data de posse 19/01/1857.
Alferes Secretário João Alves da Costa Caracas - data de nomeação 30/ 11/1861 - data de posse 22/04/1862.
1ª. Companhia
Capitão Manoel Gonçalves de Albuquerque- data de 09/09/1868- data de posse 24/09/1868.
Tenente João Marcolino Pinto de Mesquita - data de nomeação 28/11/1861 - data de posse 13/01/1862.
Alferes João Custódio dos Santos - data de nomeação 16/09/1856 - data de posse 07/10/1856.
Alferes Cícero Bastos dos Santos - patente de 12/10/1861. Boa conduta.
2ª. companhia
Capitão João Gonçalves dos Santos Dino - data de nomeação 07/01/1857 - data de posse 19/02/1857.
Tenente Bernardo José Pereira dos Santos - data de nomeação (...) data de posse 29/12/1858.
Alferes Felipe Raulino da Silva - data de nomeação 22/12/1856 - data de posse 07/05/1859
Alferes Julião Oliveira Sul - data de nomeação 04/08/1858 - data de posse 12/02/1859
3ª. Companhia
Capitão Francisco Alves Cavalcante - data de nomeação 01/09/1856 - data de posse 03/11/1856
Tenente José da Motta Sousa - data de nomeação 20/07/1861 - data de posse 25/11/1861
Alferes Marcolino Alves Cavalcante - data de nomeação 11/02/1859 - data de posse 09/031869
Alferes Domingos Alves Sobreira data de nomeação 23/09/1861 data de posse 25/11/1861. (...)
“Quartel do Batalhão nº 13 da Guarda Nacional da Vila de São João do Príncipe, aos 18 de novembro de 1869”.
* * *
O alferes João Caracas fixou residência nas aproximidades da povoação de Marrecas - na fazenda Traíra -, às margens do Riacho da Roça, um dos afluentes do Rio Puiú. Possuía casa em Marrecas, geralmente usada para fins de descanso e para os festejos dos padroeiros Jesus, Maria e José, ocorridos, desde os primórdios, no quarto domingo do mês de abril. Ele casa-se com Dona Ana Theodora de Oliveira Caracas (Santaninha – a primeira) , uma legítima representante do Clã dos Carcarás de Marrecas. Estes, naquele momento, dominavam a povoação e exerciam influência, também, na então Vila de São João do Príncipe, devido à sua ligação com a militância política familiar dos Carcarás de Saboeiro. Marrecas era um núcleo de apoio ao partido conservador que era liderado, no Ceará, por pessoas do quilate do Barão de Aquiras – Gonçalo Baptista Vieira - e do Senador do Império, Miguel Fernandes Vieira, filho do Visconde do Icó - Francisco Fernandes Vieira. Quando estes estavam no poder sempre havia nomeações a cargos, como: juiz de órfãos, juiz municipal, juiz de paz ou casamento, promotores, patentes para alferes, tenentes, tenentes-coronéis, majores, capitães, coronéis, e para o comando da Guarda Nacional. Eram eles descendentes dos primeiros povoadores do baixo Puiú - afluente do Jaguaribe-, ou seja, dos Fernandes Vieira, Gonçalves, Gonçalves dos Santos, Gonçalves da Silva, Custódio dos Santos, Claro dos Santos, Lino, Pereira dos Santos, Oliveira, Oliveira Bastos, Braga, Costa Braga, Oliveira Cidrão, Ferreira dos Santos, Baptista Vieira, Baptista Braga Vieira, Santos, Pereira da Rocha, Santiago, e, por casamento e fusão sangüinea - os Oliveira Caracas.
Os Carcarás se constituíram numa das mais poderosas famílias do Ceará, partindo dos ardentes rincões dos Inhamuns. Seu início remonta, segundo apontamentos de Sinfrônio de Oliveira Braga, citado pelo escritor Carcará, Mileno Torres Bandeira, em seu livro “Memórias de um passado (Genealogia da Família Carcará)”, a princípios do século XVIII. Segundo esses apontamentos, Maria Sanches de Carvalho, que era filha de Agostinho de Carvalho e de Ana Gonçalves de Carvalho, casada com o cristão novo (judeu convertido ao cristianismo), Manoel da Rocha Franco, nascido em Duas Igrejas, Concelho de Porto, Portugal, rico fazendeiro em Pernambuco, mudou-se para o Icó e depois para terras adquiridas no lugar denominado Carcará, acima de Saboeiro, três quilômetros, na margem esquerda do Rio Jaguaribe. Eram pais das sete irmãs: Antonia Franca de Carvalho, Senhorinha de Carvalho, Anacleta de Carvalho, Agostinha de Carvalho, Eugênia de Carvalho, Lina de Carvalho, Bernardina Sanches de Carvalho e um irmão chamado Domingo Sanches de Carvalho, que se casou com uma índia da nação dos Jucás, e foi morar em Curralinho. Do casamento das sete irmãs surgiu uma das proles mais importante para a história do Ceará: a descendência dos Carcarás. Deles descendem barões, visconde, deputados, senadores, governadores, prefeitos, magistrados, escritores, médicos, juízes, advogados e tantas outras mais.
É a única família dos Inhamuns a ter, entre seus filhos, pessoas que obtiveram títulos de nobreza no período do Brasil Império. Pode-se citar, por exemplo, alguns deles:
• Dr. Gonçalo Baptista Vieira - Barão de Aquiráz - nascido em 17 de maio de 1819 e falecido em 16 de março de 1896. Era engenheiro e foi chefe do Partido Conservador no Ceará, na época, também chamado de Partido Boticário-Carcará, devido à importância e relevância da família Carcará nele existente. O título nobiliárquico de barão lhe foi outorgado pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro II, por Decreto Imperial de 17 de maio de 1871.
• Francisco Fernandes Vieira - Barão do Icó, depois Visconde do Icó. Foi o primeiro barão do Ceará. Título outorgado por Decreto Imperial de 25 de março de 1849 e registrado em 07 de julho de 1849. O título de Visconde do Icó – o segundo do Ceará – foi-lhe concedido por Decreto Imperial de 14 de março de 1855 e registrado em 18 de julho de 1855. Era considerado como a maior fortuna do Ceará no tempo do Império. Quando morreu deixou cem léguas de terras, distribuídas em muitas fazendas por todo o Ceará.
• Dr. Paulino Franklin do Amaral - Barão de Canindé – era médico. Faleceu em 25 de março de 1892. Descende de Senhorinha de Carvalho - uma das sete irmãs Carcará.
Embora tenha havido cruzamento, ou mesmo fusão entre as duas famílias Caracas e Carcará -, o sobrenome dos Caracas não se diluiu e nem desapareceu. Ele se perpetuou em sucessivas gerações, onde a unidade consangüínea, dos ancestrais originadores da família, teve a sua continuidade.
O Alferes João Caracas é agora uma figura patriarcal, em torno da qual vai se agrupando uma imensa descendência, que se entrelaçam em casamentos endogâmicos, ou seja, no próprio grupo familiar. Isto serviu para dar a eles o sentimento clânico, onde o problema de um é um problema de todos.
Marrecas era já vetusta povoação quando aqui chegou o velho patriarca. Sua mais antiga construção, a igreja, em estilo barroco, tem como orago a sagrada família de Jesus, Maria e José, e é datada como de 13 de agosto de 1713. O fundador da capela, segundo o historiador Raimundo Girão, em “os municípios cearenses e seus distritos”, foi Manuel Cândido Pereira. Já a tradição oral diz que a fundadora foi Márcia de Oliveira, que contratou pedreiros de Pernambuco e mandou erigi-la. Ambos eram membros da família Carcará.
As paredes do velho templo foram construídas, por mãos escravas, com grandes tijolos, pedras e argamassa de cal batida e curtida durante dias – como se dizia na época, “curtida no sangue de boi”. A parte mais alta da construção, o pináculo, chega perto dos vinte metros de altura e a parede, em toda sua extensão, ultrapassa a um metro de espessura. O suporte principal de sustentação do coro da Igreja foi trazido em lombos de animais, vindo da freguesia de Maria Pereira, hoje município de Mombaça. Segundo a tradição, das doze juntas de bois, utilizadas para este fim, só chegaram vivas a Marrecas duas.
No altar-mor, mais precisamente no teto, os caibros são fixados uns ao outros dispensando o uso da linha central, ou de cumeeira. Era um avanço
expressivo para os padrões das construções da época. Abaixo deles existia, fixado com pregos, uma decoração tendo como paisagem um céu azul com nuvens. O material utilizado para este fim, no princípio, era o couro curtido e tratado com óleo vegetal. Posteriormente, usou-se a mesma decoração com tecido de algodão. Os mesmos foram destruídos pelo tempo.
No Livro de Tombo da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Tauá, consta que em 10 de novembro de 1850, foi feito um documento de doação do patrimônio de Jesus, Maria e José, por Manoel Gonçalves dos Santos e por sua esposa, Maria José de Oliveira. A esse se junta outro de 23 de agosto de 1921, feito por Francisco Chagas Rocha e por sua esposa, Maria das Mercês Pereira dos Santos.
Essa doação, feita por pessoas devotas, tinha o objetivo de obter o favor do padroeiro, como promessa, ou era fruto da pressão que muitas vezes se exercia, de forma sutil pelo costume daqueles tempos, onde pessoas de posse, geralmente fazendeiros, doavam parte de suas propriedades para o patrimônio do santo protetor de sua devoção.
A igreja foi erigida em estilo barroco, predominante àqueles idos, e tem como orago a sagrada família de Jesus, Maria e José.
Em 23 de setembro de 1870, a Assembléia Legislativa Provincial do Ceará, cria a Freguesia de Marrecas, dando-lhe autonomia e desmembrando da freguesia de São João do Príncipe dos Inhamuns. Muito embora a decisão final, para se erigir uma freguesia, fosse prerrogativa da Igreja Católica, com o regime do padroado que perdurou até a proclamação da república, o poder público podia interferir ou indicar a elevação de uma povoação eclesiástica.
A Lei, na sua íntegra, rezava o seguinte:
“ASSEMBLÉA LEGISLATIVA PROVINCIAL DO CEARÁ”.
RESOLVE:
Art. 1º. Fica creada uma freguesia na povoação de Marrecas, desmembrada da freguesia da villa de São João do Príncipe no Inhamum.
Art. 2º. Os limites da nova freguesia serão o rio Puiú, e riacho da Roça com todas as suas agoas, comprehendendo os logares Jatobá, Cajueiro, e Caldeirão e riacho Cacimbas até a barra do rio Puiú: revogados as disposições em contrário.
“Paço d’Assembléa Legislativa Provincial do Ceará, 23 de setembro de 1870”.
A freguesia de Marrecas foi implantada, conforme se observa em documentos originais existente no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), quando da realização, em 06 de agosto de 1872, do inventario por morte de Manoel Gonçalves da Silva Júnior (Gonçalvinho), pela inventariante, sua esposa, Maria Vicência de Oliveira Bastos. Outra referencia é o Censo Nacional de 1872, que, dentre outras coisas, registra a população de brancos, negros e mulatos da região dos Inhamuns. O mesmo apontava, colocando em pé de igualdade, as paróquias de Saboeiro, Tauá, Flores, Marrecas, Arneiróz e Cococi. O leitor observe que Igreja de Marrecas figura, no Censo, como uma paróquia e não apenas como uma capela. Isso é mais uma prova irrefutável de que a freguesia de fato existiu. Porém, em 21 de agosto de 1872, ela foi suprimida pela Lei nº. 1608.
O topônimo Marrecas é do inicio da povoação, no século XVIII, e foi devido ao ajuntamento desse tipo de ave que vinha pousar nas águas da lagoa que ainda hoje existe no centro da vila. Esta, segundo a tradição oral, originou-se em função da retirada de barro para a confecção de tijolos e telhas usadas na construção da capela. Era comum, no passado, romeiros retirarem água dela por acreditarem que na mesma continham efeitos miraculosos.
Em 10 de Maio de 2006, a igreja foi tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural tendo como base o Decreto Federal nº. 25\1937 e na Lei Municipal nº. 1316\2005.
Marrecas foi elevada à categoria de distrito, por força da Lei Provincial nº.831, de 22 de setembro de 1856. Figura, já no período republicano, em divisão administrativa de 1911, sempre como parte do município de Tauá. É mantido por decreto-lei estadual nº. 1.156, de 04 de dezembro de 1933. Continua figurando no município nas divisões admi- nistrativas de dezembro de 1936 a 31 de dezembro de 1937, no quadro anexo ao decreto-lei estadual nº. 378, de 20 de dezembro do mesmo ano, assim como, também, no quadro do decreto-lei estadual nº. 448, de 20 de dezembro de 1938, para 1939 - 1943, e, também, no quadro territorial constante do decreto-lei estadual nº. 1.114, de 30 de dezembro de 1943, para vigorar de 1944 a 1948. É, portanto, o mais antigo distrito do município de Tauá. Posteriormente, obteve a categoria de município pela Lei nº. 6.472, de 18 de agosto de 1963. Nos preparativos para a implantação do novo município, foram feitas duas chapas: a primeira, da corrente liderada pelo Deputado Júlio Gonçalves Rêgo, pela ARENA I, composta por Júlio Gonçalves Sobrinho, para prefeito, e Antonio Leitão Neto, para vice. Para vereadores, Alcino Caracas, Manoel Setúbal, Chico Doutor, entre outros. A segunda corrente política, liderada por Alberto Feitosa Lima, ARENA II, era composta por José Castelo Cidrão, para prefeito, e Luis Alves Caracas (Seu Alves), para vice. Para vereadores, Germino Gomes Gonçalves, Crisógono Caracas, Lopinho e Albetiza, esposa do Seu Bastos. As pretensões do novo município não chegaram a se concretizar, pois a Revolução de 1964 extingue todos os municípios criados pela Lei nº. 6.472, através da 8.339, de 14 de dezembro de 1965.
O historiador Geraldo Oliveira Lima, em seu livro, “Marcha da Coluna Prestes no Ceará”, percorrendo os mesmos caminhos feitos pelos revoltosos, passando em Marrecas, em princípios do século XX - mais precisamente em 1926 - a ela se referiu como um “antigo feudo dos Caracas”.
* * *
Do casamento do Oficial da Guarda Nacional de São João do Príncipe, o Alferes João Alves da Costa Caracas (Alferes João Caracas) e de Ana Theodora de Oliveira Caracas (Santaninha Caracas), - pa- triarcas da Família Caracas nos Inhamuns -, nasceram oito filhos: quatro homens e quatro mulheres, que formam o tronco da família Caracas.
São eles, em ordem cronológica :
F.1- Maria Madalena de Oliveira Caracas (Pombinha), casada com Manoel Gonçalves Pereira dos Santos.
F.2- Adriana Bela de Oliveira Caracas (Beladona), casada com Marcolino José da Rocha.
F.3- Maria Cleóphas de Oliveira Caracas (Mariquinha), casada com Gonçalo José Pereira dos Santos (Gonçalinho).
F.4- Vicente Alves da Costa Caracas, casado com Raimunda Nonata dos Santos (Mundoca).
F.5- José Alves da Costa Caracas (Juca), Casado, em primeiras núpcias, com Francisca Angélica Pereira dos Santos (Titina), em segundas núpcias com Ana Perpétua dos Santos (Donana).
F.6- Daniel Alves da Costa Caracas, casado com Maria Glória de Oliveira Caracas.
F.7- Afonso Alves da Costa Caracas, casado, em primeiras núpcias, com Antonia Maria de Brito (Antonia Xavier). Em segundas núpcias, com Ana Gonçalves dos Santos (Gonçalvinha).
F.8- Raquel de Oliveira Caracas, casada com João Freire Cidrão.
Esses são os troncos formadores do Clã dos Caracas do antigo Distrito de Marrecas, onde, juntamente com membros da Família Carcará, ali já existente, e com a qual se entrelaça, sentam seus currais, alargam suas fronteiras e espalham-se por todo o sertão dos Inhamuns e do Brasil.

CONCLUSÃO

“O nome de um homem não é como uma capa que lhe está sobre os ombros, pendente, e que pode ser tirada ou arrancada a bel prazer, mas uma peça de vestuário perfeitamente adaptada ou, como a pele, que cresceu junto com ele; não pode ser arrancada sem causar dor também no homem.”.
Johann Wolfgang Von Goethe.
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Ai está um pequeno resumo dos dados parentais da família Caracas. Pequeno, porque a família é maior do que a apresentada nesta obra. Muitos foram os que deixaram de figurar, nas páginas do livro, devido às dificuldades na obtenção das informações sobre o seu grupo familiar.
Era desejo, e não foi poupado esforço, para que cada membro sangüíneo, mesmo os daqueles que não mais usam o codinome Caracas, fosse, pela exaustão das pesquisas documentais e consultas pessoais, desvendados todos os seus descendentes diretos.
Devido a um costume da época, mesmo entre irmãos, ora usarem o sobrenome familiar do lado paterno, ora materno, muitos são citados com sobrenomes diferentes, embora pertencendo ao mesmo ramo genealógico, e sejam, também, da família Caracas. Portanto, muitos ignoram a sua ligação e o seu estreito parentesco com outros do seu próprio sangue, de sua própria estirpe. O objetivo deste livro é dirimir e elucidar estas questões.
A abordagem de ancestrais antigos, não foi com intenção de prender-se a genealogias fidalgas e nobres, ou a sangue azul, induzindo a orgulho e vaidade tão comuns a outros genealogistas, mas, e simplesmente isto, situar a família Caracas aos troncos mais antigos da colonização da capitania do Ceará, seja de procedência portuguesa ou não. A nobreza defendida foi a de que eles descendem de homens íntegros, honrados e honestos, e que fizeram da vida e trabalho, exemplo a ser palmilhado por todos.
Este trabalho foi desenvolvido, tendo, como base de pesquisas e de abordagem, os descendentes do oficial da Guarda Nacional, Alferes João Alves da Costa Caracas, o fundador da família Caracas nos Inhamuns. O velho patriarca, que aqui chegou no princípio do século XIX, vindo de Baturité - CE, fixou-se em São João do Príncipe - antigo nome de Tauá -, mais precisamente, na vetusta vila de Marrecas.
Foi feita, apenas, uma pequena introdução dos descendentes de José Pacífico da Costa Caracas (Capitão Caracas), considerado o fundador da família - o primeiro a usar o codinome Caracas. Os seus descendentes situaram-se no maciço de Baturité, e apesar do estreito liame com os de Marrecas, os mesmos já foram contemplados com extenso e abalizados desdobramento genealógico, feito tanto por Mário Linhares, em “Caracas – notas genealógicas”, como por Marcelo Caracas Linhares, em “Guaramiranga e os Caracas”.
Os contatos foram feitos através de cartas, e-mail’s, telefones e visitas pessoais. Muitos não retornaram; uns colaboraram mais, outros menos.
O trabalho de pesquisa foi realizado com toda a tenacidade necessária, pois não haviam tantos escritos que pudessem dar suportes mais confiáveis para os esclarecimentos que se faziam necessários. Usou-se, também, apesar da relutância, informação da tradição oral.
Não existiu intenção, por menor que fosse, de fazer exclusão de qualquer membro. Todos foram contemplados com a mesma importância e valor.
A semente foi lançada e os frutos, certamente, serão colhidos. O propósito da publicação do livro, foi não deixar a velha tradição dos ancestrais perdida nas dobras do tempo. Onde houver um Caracas, ai estará a sua história.
Que outro escritor, de maior fôlego, dê continuidade a esta obra.

BRASÃO DA FAMÍLIA CARACAS









Resumo
A antiga linhagem genealógica da família CARACAS, vem do século XVII, de Portugal, ainda no tempo do Rei Dom Pedro II, “o Pacífico”, da dinastia Bragança, pelos anos de 1686. Porém, com o sobrenome Caracas, que foi primeiramente usado pelo Capitão José Pacífico da Costa Caracas e por seu irmão, Alferes da Guarda Nacional, João Alves da Costa Caracas, já em solo brasileiro, vem do século XIX. O presente brasão de armas é usado pela descendência original dos Caracas.
Descrição Heráldica:
Escudo vermelho, em ponta por extensão um gramado de sua cor encimado por uma torre de ouro aberta e iluminada de azul, ladeada por dois leões de sua cor, afrontados, rampante e observante, coleirados e acorrentados de ouro ao chão, um chefe de azul, em aspa duas espadas de prata empunhadas de ouro. Elmo cerimonial de prata, com virol e paquifes nas cores azul e vermelho. Um listel de azul com bordas de ouro, com a inscrição CARACAS em ouro.
Significado das cores:
Vermelho: Valentia, intrepidez, honra.
Azul: Firmeza incorruptível, virtude, dignidade.
Prata: Amizade, verdade, integridade.
Ouro: Justiça, generosidade, poder, amor.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os Cristãos Primitivos

Gente Extraordinária
Os cristãos primitivos eram diferentes dos pagãos (não cristãos) e dos judeus. Em uma carta anônima do século II os retrata da seguinte forma:
"Os cristãos não se distinguem do resto dos homens, nem pelo território, nem pela língua, nem por costumes de vida. De facto, não vivem em cidades particulares, nem utilizam uma qualquer linguagem estranha, nem professam um género de vida especial. A sua doutrina não foi inventada por reflexão e investigação de homens amantes das novidades, nem se apoiam como alguns, num sistema filosófico humano.

Vivem em cidades quer gregas quer bárbaras, como calha, e mesmo seguindo nas vestes, na alimentação e nas outras coisas da vida os costumes do lugar, propõem-se levar uma forma de vida maravilhosa e, por acordo de todos, incrível. Cada um vive na sua pátria, mas como estrangeiro; participam em todas as actividades de bons cidadãos e aceitam todos os encargos como hóspedes de passagem. Toda a terra estrangeira é pátria para eles, e toda a pátria é para eles terra estranha. Como todos os outros, casam-se e têm filhos, mas não enjeitam as suas crianças. Partilham a mesma mesa, mas não o tálamo.

Vivem na carne, mas não segundo a carne. Vivem a sua vida na terra, mas a sua cidadania é do céu. Obedecem às leis estáveis, mas, com o seu modo de viver, são superiores às leis.

Amam toda a gente e por todos são perseguidos. São desconhecidos e no entanto condenados. São mandados para a morte, mas com isto recebem a vida. São pobres, mas enriquecem muitos. Faltam-lhes todas as coisas, mas encontram tudo em superabundância. São desprezados, mas no desprezo encontram a sua glória. São feridos na sua fama e no entanto presta-se testemunho à sua justiça.

São injuriados e abençoam, são tratados ignominiosamente e recompensam com a honra. Apesar de fazerem o bem, são punidos como malfeitores; e quando são castigados ficam alegres, como se lhes dessem a vida. Os judeus fazem-lhes a guerra, como se fossem gente estranha, e os pagãos perseguem-nos. Mas todos os que os odeiam não sabem dizer o motivo da sua inimizade.

Numa palavra, os cristãos são no mundo aquilo que a alma é no corpo. A alma encontra-se em todos os membros do corpo e também os cristãos estão espalhados pelas cidades do mundo. A alma habita o corpo, mas não provém do corpo. Também os cristãos habitam este mundo, mas não são do mundo. A alma invisível está encerrada num corpo visível, também vemos que os cristãos habitam este mundo, mas o seu verdadeiro culto a Deus permanece invisível”.

(Da anónima Carta a Diogneto, provavelmente do séc. II).